domingo, 1 de novembro de 2020

A VIDA EM SI

                                                     

                                                                             


                                     A VIDA EM SI

                             ( LIFE ITSELF )

                       Filme de produção americana e espanhola de 2018, escrito e dirigido pelo americano Dan Fogelman, que em síntese trata-se do relacionamento amoroso vivido por um casal Will e Abby (Oscar Isaac e Olivia Wilde), em que ele é contado através de diferentes décadas e continentes, desde as ruas de Nova York até a Espanha, e como diferentes pessoas acabam se conectando a ela, através de um evento marcante.                                                                                                                                                Todas as histórias narradas tem algo em comum: luto e superação. E é exatamente por este caminho que a trama de A Vida Em Si (Life Itself) se desenvolve, um filme bonito e bem desenhado pela ótima interpretação do elenco, mas com uma carga emocional ao extremo, que muitos vão se sensibilizar, enquanto outros não.                              As 4 histórias divididas em capítulos - dando a impressão de que estamos lendo um livro - se passam em tempos e continentes diferentes, desde as ruas de Nova York até Espanha, mas que de alguma forma se correlacionam em algum dado momento, um ponto que o diretor e roteirista Dan Fogelman faz bem. O roteiro não entrega instantaneamente as pistas para que o público saiba o que está acontecendo.                       Cada história é uma peça a se juntar no grande quebra-cabeça chamado "Vida", e à medida que descobrimos o que se passa com cada personagem em cada trama, torna a experiência deste filme cada vez mais emocional, intensa e pesada, uma vez que a história explica que a vida gosta de nos pregar peças, de fazer a gente tropeçar e cair para sabermos o quão forte somos para não desistir de seguir em frente, não importa o tamanho da dor.                                                                                                           Logo de cara, a história começa de um jeito estranho, como se fosse um filme dentro do filme, sendo dirigido e narrado por Samuel L. Jackson (sim, ele aparece). A verdade é que estamos acompanhando um ponto de vista criativo de Will para conhecer a sua história amorosa com Abby, que vão do romance universitário ao casamento e a gravidez. Junto com a criação deste roteiro um pouco desconexo, o público descobre que algo aconteceu na vida do rapaz, uma vez que ele vai revelando pitadas de sua jornada nas sessões com sua terapeuta (Annette Bening), de forma teatral, como se eles estivessem assistindo a própria vida do protagonista naquele exato momento.                                                                                                                                                É impossível não reconhecer o fato de que Oscar Isaac tem uma ótima atuação ao entregar um Will atordoado, perdido, desesperado internamente e doente de amor. Sim, o personagem sofre por Abby, pelo seu amor devoto à amada que vemos crescer e se fortalecer desde o primeiro dia em que eles se encontram, Olivia Wilde não fica para trás e interpreta uma Abby feliz com a vida, com os seus desejos, mas, também discute, enfrenta os obstáculos sem deixar o amor de lado. Mas um evento faz com que tudo mude, levando o espectador para a segunda história.                                                        Na segunda subtrama, acompanhamos a vida de Dylan (Olivia Cooke), uma adolescente que vive com o seu avô e que carrega uma dor que desperta e adormece. Dylan tem uma rebeldia e atitudes inusitadas, compreensíveis devido a um evento marcar sua família há anos. Ao se falar de luto, não é só a morte que se encaixa neste significado, mas também o término de um namoro, de uma amizade, a solidão não combatida, entre outras coisas. Dylan apresenta todos esses conflitos, mas que infelizmente não são bem desenvolvidos. Aliás o seu capítulo, é curto e o espectador não desfruta satisfatoriamente a sua história que, logo é cortada para a terceira subtrama.                                                                                                                                                         O terceiro capítulo faz o público viajar para a Espanha, onde vamos conhecer duas histórias: do Sr. Saccione (Antonio Banderas) e do casal Isabel (Laia Costa) e Javier (Sergio Peris- Mencheta), uma relação de chefe e funcionário, de status diferentes e a forma como cada um leva a vida. Enquanto Saccione se apoia na riqueza a fim de esquecer o que ele não pode ter com sua família, casa, um bom trabalho e a harmonia sob o seu teto. Nessa subtrama a história demora a chegar ao ponto principal que irá conectar com as demais. No entanto, esta discute bem o papel de cada personagem, criando um mistério de quem pode ser o vilão e o mocinho deste cenário, já que as aparências enganam.                                                                                                       Assim que o público encontra o desfecho desta trama, ele segue para o tão aguardado último capítulo, que vai acompanhar a vida de Rodrigo, filho de Javier e Isabel, um personagem que representa a última chave que conecta todas as histórias e faz o público finalmente captar a mensagem central do filme, fechando um ciclo triste, feliz e emocionante. Novamente, temos mais um capítulo que poderia ter sido um pouco mais enxuto e direto, uma vez que o espectador capta de imediato o que está acontecendo.                                                                                                                                                  É difícil falar de A Vida Em Si sem dar muitos detalhes, pois o filme é um grande spoiler, mas o que se pode dizer é que sua proposta tem como finalidade, retratar que eventos trágicos ou não, um dia, vão acontecer na vida de todo mundo, mas isso não quer dizer um ponto final e, sim, apenas uma "vírgula", para que momentos futuros e bons, possam vir acontecer. Por um lado, acompanhar tantos momentos brutos gera uma carga emocional bastante forte e, talvez, alguns podem se comover, enquanto outros poderão se frustrar e concluir que tal emoção soa forçado demais.                                                                                                                                                            Para mim, amigos cinéfilos, A Vida Em Si, é um filme muito bonito, triste, que retrata histórias que se conectam por um evento marcante, levando o público a compreender melhor o significado de luto, perda, amor e esperança. Ele me passou uma carga emocional grande, porém para alguns, pode ser que não crie uma identificação de imediato, mas vale a pena dar uma chance, pela trama, pelo elenco e também principalmente pelas atuações de todo elenco. Bom entretenimento!!!!  

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A ESPIÃ

                                                                         

                                                                              

                                                            

                                          A ESPIÃ

                             ( ZWARTBOEK )  

           É um filme de produção britânica-belga-holandesa, realizado em 2006, de gêneros drama, guerra, espionagem e suspense, dirigido pelo holandês Paul Verhoeven, com roteiro de Gerard Soeteman e do próprio Verhoeven. Protagonizado pela atriz holandesa Carice Anouk van Houten, a mesma que fez o papel de Melisandre no seriado Game of Thrones, e foi com esse filme A Espiã, que lançou a carreira internacional dela.                                                                                                                                            O cineasta Paul Verhoeven é amado ou odiado, sem meio termo, pois foi diretor de sucessos como Robocop (1987), O Vingador do Futuro (1990) e Instinto Selvagem (1992), além de fracassos como, ShowGirls (1995), Tropas Estelares (1997) e O Homem Sem Sombra (2000), muitos o consideram superficial, prendendo-se demais ao sexo e a violência em seus filmes. Isso é verdade, mas não quer dizer que apenas por isso, ele seja superficial e sem qualidades.                                                                                              Um bom exemplo de como Verhoeven sabe conduzir uma boa história é A Espiã, lançado em 2006, pois parece que, decepcionado com suas últimas incursões em Hollywood, o holandês precisou voltar à sua terra natal, após duas décadas, para mostrar o dom que tem com a câmera. O drama ambientado na Segunda Guerra Mundial, conta a história de Rachel (Carice van Houten), uma ex-cantora de cabaré judia, que se esconde do nazismo, junto a uma família holandesa. Após ser descoberta e conseguir fugir, acaba encontrando um grupo de resistência e se torna agente dupla, com outro nome, Ellis.                                                                                                                                      É neste jogo de aparências que Verhoeven mostra sua marca, tanto nos já citados sexo e violência, mas também na capacidade de não precisar aprofundar muito a história da guerra e assim conseguir focar em seus personagens. Há muita ação no filme, mas Rachel/Ellis também é dissecada em sua personalidade dupla. E vale ressaltar que o desempenho fenomenal de sua intérprete ajuda ainda mais nesse ponto.                                                                                                                                                                 Apesar de aparentar tocar no assunto de forma rasa, o cineasta holandês mostra que a guerra, assim como qualquer outra coisa, é motivada por impulsos humanos. Rachel/Ellis é instinto puro, e nos faz lembrar da maioria dos protagonistas dos filmes do diretor (seja Sharon Stone em Instinto Selvagem ou Kevin Bacon em O Homem Sem Sombra). Para quem gosta desse estilo de película, A Espiã é um Verhoeven renovado e que nos deixa com vontade de mais e mais de seu cinema.                            Amigos apaixonados por um bom filme, apesar de não ser muito admirador de filmes de guerra, acho que por esse não ter tido muitas cenas de guerra, e a história e as interpretações dos personagens terem sido fantásticas, me prendeu e gostei muito dele, vale uma conferida.

                     

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

SIMPLESMENTE ACONTECE

                                                                              

                                                                              

                                                                           

                    SIMPLESMENTE ACONTECE

                          (LOVE, ROSIE)  
                                
      Filme produzido em parceria do Canadá, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, realizado em 2014 e lançado no Brasil em 05 de março de 2015, de gênero romance e comédia, baseado no livro "Onde Terminam os Arco-Íris", da autora irlandesa de P.S. Eu Te Amo, Cecelia Ahern e dirigido pelo alemão Christian Ditter. 
              Essa comédia romântica estrelada pela queridinha britânica de Hollywood, Lily Jane Collins, filha do famoso músico Phil Collins, muito tempo vocalista da banda Genesis e também atingiu muita fama e êxito na carreira solo, ela detentora de umas sobrancelhas marcantes - e também pelo astro de Jogos Vorazes: Em Chamas, o também britânico, Samuel George Claflin, conhecido artisticamente como Sam Claflin.
           A história mostra Rosie (Lily Collins, de Espelho, Espelho Meu) e Alex (Sam Claflin, de A Marca do Medo), melhores amigos desde a infância, que moram no Reino Unido e planejam se mudar para Boston nos EUA, onde vão cursar a faculdade juntos. Porém, tudo muda quando Rosie descobre que ficou grávida do "bonitão da escola" (Christian Cooke, da série Magic City) e decide criar o bebê. A partir daí, os encontros e muitos desencontros fazem com que ela tenha uma vida com a qual nunca tinha imaginado. 
         O longa é uma espécie de cópia também bem feita do filme Um Dia (Lone Scherfig, 2011), com Anne Hathaway e Jim Sturgess, este também adaptado de uma obra literária. No entanto, o livro de Ahern é mais antigo que o de David Nicholls do filme Um dia, levando a um certo empate no quesito criatividade.
               A diferença de Simplesmente Acontece é que ele é muito mais leve, engraçado e juvenil. Com uma fotografia que não sai do padrão, mas que chama a atenção e te faz querer conhecer as locações, o filme consegue conquistar aqueles que não tem problemas com o gênero e a trilha sonora também não passa despercebida, ajudando no ar jovial do longa. Lily Allen e KT Tunstall marcam presença e animam algumas cenas. É importante destacar a atuação de Lily Collins, que conseguiu retratar a passagem do tempo e a evolução de Rosie, como mãe e mulher muito bem. 
              A equipe de figurino, cabelo e maquiagem, acerta em todas as fases de idade, não só de Rosie, como de todos os outros personagens, em especial de Ruby, interpretada por Jaime Winstone ( de Wild Bill ). 
              Com esse combo de eficiência, foi possível ver nitidamente o amadurecimento de todos os personagens. Apesar de ser um filme com inúmeros clichês, Simplesmente Acontece, pode saltar aos olhos de algumas pessoas, pois Rosie é uma personagem forte que, apesar de ter a vida totalmente modificada por uma gravidez inesperada, continua independente e resolvida em relação a si mesma. Ela faz suas próprias decisões, baseadas no que ela quer e no que ela pensa ser o melhor no momento. Lógico que há muito lugar-comum no roteiro, mas a atuação dela realmente consegue cativar e faz jus ao seu papel de personagem principal. 
             Simplesmente Acontece pode até entrar na não muito apreciada categoria de comédias românticas, mas sua execução foi tão bem feita, que os que tem preconceito, devem assisti-lo para, quem sabe, mudar de opinião em relação ao gênero. Já os fãs de carteirinha, não podem perder de maneira alguma essa película. Boa pipoca, coca-cola e entretenimento!!!!! 
      

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

HONRA AO MÉRITO


                                         HONRA AO MÉRITO

                  (THANK YOU FOR YOUR SERVICE)

                     Filme do ano de 2017, lançado aqui no Brasil em 07 de março de 2018, americano de gênero drama, biografia e guerra. Esse filme é baseado no livro Thank You for your service, de David Finkel, e essa produção marcou a estréia do roteirista Jason Dean Hall, de Sniper Americano (2014), na cadeira de Diretor. Trata-se de uma película sobre a vida dos veteranos de guerra e o pouco caso feito pelo Governo dos EUA.                                                                                                                                                                   Não chega a ser uma obra prima, mas o roteiro aprofunda na dose certa o assunto e a direção mantém um ritmo adequado. O estresse pós traumático é um elemento em filmes de drama e ação, especialmente aqueles que envolvem algum tipo de guerra. a síndrome faz com que as vítimas tenham dificuldade de se adaptar à rotina comum, depois de terem vivido situações de extrema pressão e terror. Além disso, as vítimas de estresse pós traumática são suscetíveis a "gatilhos", ou seja, imagens, palavras ou situações que os forçam a reviver o cenário que causou o trauma - o que pode ter resultados desagradáveis.                                                                                                              "Honra ao Mérito" acompanha a vida de três soldados norte-americanos que voltam para casa, após passarem uma temporada de 15 meses no Iraque. Entre eles está Adam Schumann (Miles Teller), um jovem que retorna para a esposa e os filhos, porém, começa a ter problemas para se readaptar à vida comum e sem perigos por todo o canto. O principal gatilho de Adam é relacionado ao fato de que ele não conseguiu salvar um colega de um prédio em chamas. Ele decide buscar ajuda para que encontre um grupo de apoio, antes que o estresse pós traumático leve a melhor sobre ele.                                                                                                                                                          Ótimo filme! É um drama sobre o trauma pós guerra, não um filme de guerra. Por isso não irá ver muitas cenas de guerra. Miles Teller com uma atuação surpreendente aqui nesse drama, pois estamos acostumados a vê-lo em comédias. Gostei também da interpretação da bonita atriz Haley Bennett no papel da esposa dele Saskia Schumann, e do ator Beulah Koale no papel de Tausolo Aieti.                                                   O título do filme é bem característico, pois trata-se de uma crítica severa sobre a assistência que os soldados recebem ao voltar da guerra, principalmente por ser uma história baseada em fatos reais, amigos cinéfilos, recomendo assistir, pois não sou muito apreciador de filmes de guerra, mas esse por não ter a preferência em batalhas, nem muitas cenas de guerra, e ter como principal foco, ser um drama atual e bastante comum que ocorrem nas pessoas que retornam da guerra,  tomei coragem, assisti e tive uma grata surpresa. Recomendo aos apreciadores do gênero drama! Eu sei que está disponível na NetFlix, mas não tenho certeza se tem em algum outro lugar para assistir, tipo YouTube ou similar. 

domingo, 27 de setembro de 2020

O PODER E A LEI

                        

                                                             

                                                  0 PODER E A LEI

                        ( THE LINCOLN LAWYER )

           

             Filme americano gênero drama lançado em 2011, com direção do desconhecido Brad Furman (Em busca de justiça), a adaptação do Best Seller, de Michael Connelly, traduzido aqui como " Advogado de Porta de Cadeia" (2005), tem uma trama boa, com as reviravoltas necessárias para manter a chama da dúvida acesa e te deixar ligado no filme. Pode não apresentar nenhuma novidade, mas funciona e satisfaz tranquilamente quem busca um suspense leve, honesto e com boas interpretações. Assim, da mesma forma que o pai do protagonista ensinou que "não existe cliente mais perigoso que o inocente", você pode se sentir culpado, deixando de assistir este filme por puro preconceito.                                                                                                            O chamado "filme de tribunal" é praticamente um subgênero, e costuma render trabalhos dos mais interessantes no cinema, sempre explorando os meandros, o submundo, os bastidores e as incoerências inerentes ao Sistema Judiciário. Afinal, poucas coisas são tão injustas como a Lei. Neste sentido, O Poder e a Lei não decepciona. A partir do livro de Michael Connelly, o filme mostra Mickey Haller (Matthew McConaughey, eficiente), como um advogado de poucos princípios éticos, longe daquela figura glamourizada pelo cinema, vestido com ternos caros e rodeado por belas assistentes. Nada disso! O "escritório" de Mickey é um velho automóvel modelo Lincoln, que batiza o título original do filme. Ele defende criminosos de segunda categoria, até pegar um caso que poderia mudar a sua vida: um "mauricinho" milionário (Ryan Phyllippe) é acusado de espancar uma prostituta, e todas as provas parecem incriminá-lo. Mas o esperto Mickey tem uma saída. Ele só não parou para pensar por que um milionário o contrataria.                                                                                               Neste tipo de filme, quanto menos se falar da história, melhor. Mas vale dizer que o bom roteiro de John Romano explora com sagacidade o paradoxo que um advogado passa a viver quando percebe que está sendo ludibriado pelo próprio cliente, levantando saborosas questões éticas e morais, mesmo quando sabemos que estes conceitos não são exatamente levados muito a sério pelos profissionais do Direito. A direção de Brad Furman confere a  película um leve sabor de ação e aventura, sem exageros, mas em doses suficientes para agradar os fãs do cinema comercial.                                                                                                                                                        Por outro lado, um ótimo time de coadjuvantes, figurinhas carimbadas do cinema independente (William H. Macy, Marisa Tomei, John Leguizamo), dão a O Poder e a Lei uma certa aura de respeitabilidade . No somatório, é um filme de entretenimento de qualidade e eu recomendo, disponível pelo que eu sei, nos canais de aluguel Prime Video e no You Tube. 

                                   


                                  

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

TERRITÓRIO RESTRITO

                                                                            

                                                                       

TERRITÓRIO RESTRITO

(CROSSING OVER)


             Filme americano lançado em 2009, escrito e dirigido pelo sul africano Wayne Kramer. Trata-se de um drama estrelado pelo astro Harrison Ford, no papel de Max Brogan, um agente da Imigração e Fiscalização Aduaneira, em Los Angeles. Todo dia ele precisa lidar com diversas pessoas que tentam entrar nos Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Seus colegas de trabalho são seu parceiro Hamid Baraheri (Cliff Curtis), a advogada de defesa Denise Frankel (Ashley Judd) e o marido dela, Cole (Ray Liotta), que julga as solicitações feitas. Juntos, eles enfrentam as questões decorrentes do senso de dever e compaixão, envolvendo a migração para território norte-americano. 
             A história do filme retrata diferentes etnias de imigrantes, incluindo muçulmanos, asiáticos, latinos, turcos, judeus e uma australiana em busca de sucesso como modelo/atriz. De uma maneira ou de outra, os distintos estrangeiros acabam se cruzando pelo filme e a maioria deles passa pelo caminho do agente da imigração Max Brogan. 
            Um veterano na busca e prisão de imigrantes ilegais, Brogan parece destoar de seus companheiros de farda no quesito de importar-se com as histórias das pessoas flagradas ilegalmente no país. Tanto que ele passa o filme todo atrás de Mireya Sanchez (Alice Braga), uma mexicana que é presa deixando seu filho para trás. 
Paralelamente à história de Brogan, acompanhamos os problemas familiares de outro agente da imigração, Hamid Baraheri; o envolvimento antiético e corrupto de Cole Frankel com a modelo e atriz Claire Shepard (Alice Eve). Ela, por sua vez, briga por conseguir ficar nos Estados Unidos da mesma forma que o namorado, o músico/professor judeu Gavin Kossef (Jim Sturgess). 
               Esse filme teve algumas boas surpresas para mim, como na relação antiética e corrupta de Cole Frankel com a jovem Claire Shepard (a meu ver ótima interpretação da atriz Alice Eve), outro ponto que gostei também, é que nesse filme mostrou que pode existir um lado podre nos departamentos de imigração dos Estados Unidos, devido aos funcionários mau caráter e/ou mal intencionados. Outro ponto positivo, foi narrar a história da família de Talisma Jahangir (a também muito promissora atriz Summer Bishil, revelada em Nothing is Private). 
             Falando em emoções, Crossing Over talvez tenha nascido na mente de Wayne Kramer como um filme para emocionar. Mas, na prática, ele acaba sendo mais como uma história para chocar e provocar revolta, incômodo, do que emoção. É um filme com um forte discurso político, disso não há dúvida. Com tantos personagens participando, fica impossível adentrar mais no caráter humano dos personagens e de suas vivências e exclusões. Uma pena. A intenção dos realizadores deste filme, parece ter sido das melhores. A ideia é boa e a direção também. O roteiro, no entanto, merecia alguns ajustes. Alguns cortes aqui, uma ou outra aprofundada nos personagens ali e, talvez, o filme ficasse ótimo. 
              Conta a seu favor uma direção de fotografia precisa e atenta de Jim Whitaker e, principalmente, um belo trabalho do compositor Mark Isham, em uma trilha sonora que, algumas vezes, conduz o filme mais que o roteiro de Kramer. 
            É um filme polêmico em muitos e variados sentidos, como pela temática, ao abordar distintos aspectos do "problema" da imigração nos Estados Unidos. Essa película mexe com os sentimentos das pessoas que viveram, de uma forma direta ou indireta, o problema da xenofobia e da divergência de interesses em um mundo cada vez mais competitivo.
           Finalizo meu comentário amigos cinéfilos, que trata-se de um filme que merece ser visto, mas acho que atualmente só tem em canais pagos (Prime Video, YouTube Filmes, etc.)   

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A QUÍMICA QUE HÁ ENTRE NÓS

 

  A QUÍMICA QUE HÁ ENTRE NÓS

(CHEMICAL HEARTS)


                O processo de crescimento e amadurecimento de uma pessoa depende de diversos fatores. Uma porção deles externos, de caráter social, cultural, familiar; e outra porção deles internos, de caráter emotivo, sentimental. Como o próprio roteiro de Richard Tanne, também diretor, coloca aqui em sua adaptação para o livro de Krystal Sutherland, não é um período confortável da vida de ninguém. Misturando medo, insatisfações, muita confusão e emoções à flor da pele, a adolescência nos empurra e nos puxa para os mais diversos lugares e situações, fazendo-nos viver experiências que mudam de contexto para o contexto de cada pessoa, mas acabam tendo, proporcionalmente a cada recorte, o seu caráter traumático. Além de moldador de caráter e de experiências.                                                                É disso que Chemical Hearts fala. Não bastasse o momento complicado da vida, Grace Town (Lili Reinhart) vive num abismo depressivo desde a morte de seu namorado. A mudança da escola deveria ser um novo começo para ela, mas há uma série de fatores, que tornam essa recuperação mais lenta e complexa, para infelicidade e também nova fonte de problemas para Henry Page (Austin Abrams). À primeira vista, estamos diante de uma "passagem para maioridade" clássica, com algum tipo de deslocamento, idas e vindas do amor, um problema ou ação escolar, conflitos familiares e por aí vai.                                                                                                                                                Todavia, em "A Química Que Há entre Nós", temos um tratamento mais maduro para esse tipo de temática, com menor foco no lado romântico por si mesmo e mais foco nos problemas centrais vividos pelos personagens. É claro que abordagens dramáticas menos pesadas dão suporte à grande linha que costura a trama, mas tudo acaba se ligando ao luto, depressão e dificuldade de seguir em frente, que Grace encarna, tanto por estar cercada pelos objetos de sua dor, quanto pela complexidade meio doentia dos eventos que a cerca - e não digo isso no sentido negativo. O roteiro estabelece um status mórbido para toda a história, sendo introduzido por Grace e sua postura de "tanto faz", em relação ao mundo. Aos poucos, essa aura lúgubre também abraça Henry, que à sua maneira, passa a ser assombrado pelo garoto morto em um acidente de carro, fonte da dor de Grace, agora interesse amoroso de Henry. Existe tanto um reforço como uma brincadeira do roteiro com o fato de que a vida, constantemente, nos bombardeia por acontecimentos que tiram o chão de nossos pés e nos coloca em uma situação onde não sabemos como agir. Para o período etário da trama, isso é ainda mais sério. Eles são forçados a encarar a morte de frente, cada um desenvolvendo seus pensamentos sobre o que é viver e deixar de viver, algo que a direção de Taunne aproveita para cercar os personagens de símbolos que aludem a isso (peixes, cerâmica quebrada, livros com temática de suicídio entre jovens......). E no meio desse terreno inóspito de dor e de formação, nasce o sentimento que a tudo pode transformar, O Amor.                                                                                                                Para um filme de temática solene como este, é necessário um cuidado maior no encadeamento da história, para que um bloco não acabe enfraquecendo o outro, dando a impressão de ser composto por segmentos unidos por uma montagem paralela. No primeiro ato, o diretor consegue alternar bem a passagem entre os problemas escolares, a discussão para o jornal, a aproximação entre Henry e Grace e alguns percalços familiares. À medida que o filme avança, a interação entre esses espaços fica mais problemática, surgindo fora do tempo ou por um recurso de transição que parece fazer questão de matar a atmosfera tão penosamente construída na cena anterior. Tanto Lili Reinhart quanto Austin Abrams constroem personagens complexos, emotivos, cheio de camadas e que mudam bastante ao longo do filme.                                                                                                                  Lamento um pouco que o mesmo processo de luminosidade emocional, ao fim, não tenha sido adotado para Henry, mas sua contraparte passa por diversos estágios e chega ao derradeiro momento de maneira bem diferente, sendo tratada com a delicadeza necessária por Reinhart, que na verdade carrega o filme, primeiro pelo afastamento que causa no espectador, depois pela aproximação e simpatia que constrói. Aqui, dor, mudanças e amadurecimento andam de mãos dadas.                                                                              Por um breve momento o vazio interior desses personagens é preenchido, mas há algo que ainda precisa ser consertado, e essa presença do outro, apenas não basta. Uma história sobre relacionamentos, luto e superação por um viés realista, honesto e respeitoso. Filme americano lançado em 2020 pela Prime Video (canal por assinatura). Finalizo dizendo amigos cinéfilos que recomendo, quem tiver acesso para assistir. Até a próxima!!!!                                       

TEMPO DE ESPERANÇA

 

                 

TEMPO DE ESPERANÇA

(A HORSE TALE) 


                 Michael (Patrick Muldoon) é um contador na cidade grande, e cria sozinho sua filha adolescente Chloe (Mandalynn Carlson). Até que um dia ele recebe um telefonema de Cliff Harrison (Rick Herodes), pedindo ajuda para salvar os estábulos da sua família, antes que o banco tome tudo. Esse é o momento em que Michael começa a se perguntar se a vida no campo é exatamente o que eles precisam para começar de novo. Ele aceita o trabalho e uma nova vida começa.                                                                   Começo meu sintético comentário dizendo se tratar de um filme leve, despretencioso, cujo único intuito é alegrar toda a família, tipo filme de Sessão da Tarde, com atuações dos personagens dentro do direcionamento do diretor Brad Keller. Filme com ótima fotografia e bonitas paisagens, em seu elenco temos também as bonitas atrizes Charisma Carpenter no papel de Samantha Harrison e a Dominique Swain com a personagem Sydney. Filme americano lançado em 2015, disponível nos canais pagos(assinatura) da Vivo Play, Amazon Prime e gratuitamente no YouTube Filmes.                                                                                                                                                        Amigos cinéfilos recomendo para quem quer ficar quase 1 hora e trinta minutos assistindo uma película simples, leve, sem estresse, que faz bem aos olhos e ao coração e cujo intuito é passar o tempo alegremente, obviamente não esquecendo da pipoca e do refrigerante. Até a próxima!!!!

ARKANSAS

 

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ARKANSAS

              Filme lançado em 05 de maio de 2020 pela Amazon Prime (canal por assinatura), não se trata de uma película sobre a máfia italiana estadunidense, nem irlandesa. Não é sobre criminosos barra pesada, cujas vidas os levaram a escolhas erradas por falta de um sistema social acolhedor, não. Pelas palavras dos próprios protagonistas, esta é a história de "criminosos entediados" - e é exatamente este o tom do filme, nesse novo lançamento. Vamos ao comentário, Kyle (Liam Hemsworth) é um rapaz meio perdido na vida, sem perspectivas, cujo maior prazer é ficar embriagado,     ele ganha a vida como atravessador no tráfico de uma cidadezinha minúscula lá pelos anos de 1980, mas um dia, ele tem que sair às pressas e deixar tudo para trás, mudando-se para Arkansas, onde ganha a parceria de Swin (Clark Duke) para entregar um grande carregamento. Entretanto, no meio do caminho são flagrados pelo policial Bright  (John Malkovich), que gentilmente os força a trabalhar para ele em regime estrito. O que eles não sabem é que toda essa organização do tráfico é gerenciada por Frog (Vince Vaughn). 
                  Com pouco menos de duas horas de duração, o que de fato chama a atenção em Arkansas é a forma como a narrativa da história é construída. O roteiro de Clark Duke (sim, o mesmo que estrela o filme) e Andrew Boonkrong, baseado no livro de John Brandon, é construído em capítulos - cinco no total - nos quais os personagens vão sendo apresentados, suas tramas vão sendo delineadas e, aos poucos, um capítulo começa a se conectar com o outro. Já viu isso em algum lugar? Sim, a construção narrativa deste filme lembra bastante o estilo de Quentin Tarantino de fazer filmes - que, por sua vez, é inspirado nos antigos filmes de faroeste, cujos enredos também eram divididos episodicamente, com cada bloco ganhando um nome.                       Não só neste quesito as semelhanças de Arkansas soam familiar com esses dois exemplos inspirativos, mas também na trilha sonora (marcada, fundamental para a ambientação da cena); no enquadramento (aqueles "closes" que vão fechando devagarinho no rosto do ator); o elenco majoritariamente masculino, com movimentos de cowboys ensaiados toda vez que entram em cena; o grand finalle , quando o bangue-bangue começa. É como um filme do Tarantino, mas sem a maestria dele, ficando no nível do esboço mesmo.
                       Então, o que, apesar das semelhanças, torna Arkansas um filme menos atraente do que seus companheiros de gênero? Bom, apesar do elenco estelar - que entrega o que é esperado dele -, a história é vazia e monótona. Tal como seus personagens confirmam, a história é entediante, e nada acrescenta na vida do espectador, nem mesmo como entretenimento. Amigos cinéfilos, não recomendo nem para os amantes desse gênero. 

domingo, 16 de agosto de 2020

CASA GRANDE

                                                                         
                                                                 
                                                                           
 


CASA GRANDE

          Olá amigos do meu Blog, hoje venho comentar esse filme brasileiro de 2014, que assisti ontem (15/08/20) pela Net Flix com direção do estreante na categoria de  longa metragem Fellipe Gamarano Barbosa, e tive uma grata surpresa. Ele na sua vida pessoal, foi filho de uma elite decadente, que viu ruir suas expectativas em manter o mesmo status quo para as gerações seguintes. Só que ele saiu de casa antes da quebra, foi estudar cinema nos Estados Unidos e acabou sendo preservado, de um modo ou de outro, da nova condição que tomava conta de sua família. Quando ficou a par dos fatos, o choque foi tão intenso - afinal, era algo pelo qual não esperava - quanto estranho - pois sua vida já havia mudado neste ínterim, e o que havia deixado lá atrás não lhe fazia mais falta. Jean, o personagem, é um pouco Fellipe. Mas um é ficção, e o outro é criador. Um está no outro, mas como base, e não complemento. Foi uma forma de expiar o drama familiar, mas sob a forma de manifestação artística, em uma análise que não poderia ser lida como isolada.                    Muitos brasileiros de norte a sul experimentaram - e ainda experimentam - a mesma situação, dia após dia. Esta é uma obra surpreendentemente madura para uma película de longa metragem de estréia do diretor, pois antes ele havia entregue o documentário Laura (2011) e participado pontualmente do projeto coletivo Rio, Eu Te Amo (2014). Com bastante sensibilidade e sem exagerar nos pontos mais condenatórios - nos compadecemos até mesmo daqueles que poderiam ser apontados como "culpados", pois todos possuem suas razões e nada aqui é gratuito - ele consegue atingir um discurso muito próprio, que permite que seus personagens se desenvolvam sem pressa nem atropelo, proporcionando as condições necessárias para que cada reviravolta surja naturalmente. O afastamento dos pais, a visão pelo outro lado das coisas, a inversão dos papéis: tudo está ali, com cada movimento no seu devido tempo e lugar. 
          Fellipe Barbosa usa de tons autobiográficos para contar a história de Jean (Thales Cavalcanti), um estudante do tradicional Colégio São Bento, do Rio de Janeiro (um reduto da classe média alta carioca), no último ano do ensino médio, ou seja, naquela fase em que os hormônios mais cutucam e o presente cobra a definição do que você vai ser para o resto da vida. Quando a família dele demite o motorista Severino, que o leva à escola todo santo dia, o jovem percebe que nem tudo vai bem no reino da Barra da Tijuca (bairro nobre do Rio de Janeiro). E o rapaz passa a usar o coletivo para se deslocar. Os pais, Sonia (Suzana Pires) e Hugo (Marcello Novaes), super protetores, tentam esconder a derrocada financeira dos filhos, a reboque da falência de um tipo de capital especulativo. (Pense "Eike Batista" : o Tema é pertinente e atual).                                                                                                                              Em certo sentido, a produção mantém uma tradição cinematográfica brasileira do filme de denúncia social. Por outro lado, inova com um roteiro redondo, sobretudo apoiado em diálogos críveis, tão raros em produções nacionais, o que resulta em um apelo comercial igualmente inusitado para uma obra cinematográfica brasileira que não é filha da TV. Para viver os personagens principais, Barbosa escalou atores não profissionais. Thales Cavalcanti, que até então, era "só" um estudante do São Bento na "vida real", talvez por isso mesmo, tem uma atuação bastante convincente - e também sutil, mérito do novo ator, claro.                                           No ônibus, Jean conhece a personagem Luiza de Bruna Amaya (outra estreante), uma menina mestiça, que estuda em escola pública e, não tarda, os dois engatam um namoro. É uma personagem doce, que Amaya faz sorrir com os olhos. E a grande surpresa é a hilária empregada doméstica Rita vivida pela também novata Clarissa Pinheiro, sem dúvida uma das melhores contribuições do filme. A título de curiosidade essa atriz foi aluna de Fellipe Barbosa no curso de direção na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, e o personagem do motorista Severino (Gentil Cordeiro) é outro também não ator profissional.                                                                Esse filme foi premiado nos Festivais de Paulínia, do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Recife. Casa Grande foi exibido com sucesso também no exterior, onde ganhou prêmios da crítica e do público em mostras e competições na França (Toulouse) e em Portugal (Santa Maria da Feira), entre outros.                                                      É um filme que se mantém em pé com suas próprias pernas, graças ao talento inequívoco do seu realizador, um jovem que sabe observar, analisar e traduzir em linguagem cinematográfica, com eficiência, uma realidade que parece distante, mas que pode - e está - muito mais próxima do que imaginamos - e que gostaríamos. Disponível na NetFlix (aluguel) ou no YouTube Filmes (gratuito). Vale a pena conferir  essa película que mistura drama, romance, tudo na dose certa galera!!!!!!! 

domingo, 2 de agosto de 2020

TERRA SELVAGEM

                                                                             
                                                                           
   

TERRA SELVAGEM
                                   ( WIND RIVER )

           O diretor Taylor Sheridan após anos em uma carreira mediana como ator, estreou como roteirista em 2015, como uma imensa promessa ao escrever o brilhante "Sicário: Terra de Ninguém", voltando a acertar no ano seguinte com "A Qualquer Custo" - e se ambos os filmes lidam com homens áridos e violentos habitando universos similares, é perfeitamente possível encarar este "Terra Selvagem" (2017), como o terceiro capítulo de uma trilogia informal, já que acompanha o caçador Cory Lambert (Jeremy Renner) em uma região que, embora substitua a secura dos dois primeiros longas por tempestades de neve, não é menos inóspita que a daquelas produções.                                                                                      Desta vez, porém, Sheridan também estréia como diretor, apresentando-se talvez não como a revelação que foi como roteirista, mas certamente como dono de um potencial que merece ser explorado. 
           Filme inspirado em fatos reais, Terra Selvagem se passa em uma reserva indígena na qual o cadáver congelado de Natalie Hanson (Kelsey Asbille Chow), uma jovem local, foi encontrada com sinais de estupro e espancamento. Deslocada para investigar o caso apenas por estar próxima da região, a agente do FBI Jane Banner (Elizabeth Olsen) requisita a ajuda do protagonista para ser o guia na paisagem coberta de neve, sendo ocasionalmente aconselhada também pelo xerife Ben Shoyo (Graham Greene). O desenvolvimento da história está centralizado na vida de cada personagem, principalmente a medida que suas histórias pessoais vão sendo reveladas. 
            Em meio a tantas políticas segregacionistas no país, nos deparamos com uma produção necessária e preocupante, que veio para abrir os olhos de seu espectador, em relação ao descaso para com os indígenas. A mensagem que estampa o final do filme é chocante, nos mostrando até que ponto vai o respeito entre os seres humanos. Durante o ano, milhares de aldeias americanas são dizimadas e sua população exterminada..... e nada aparece na mídia. Para nós brasileiros pode parecer algo fora de nossa alçada, mas devemos olhar para nosso próprio umbigo e lembrar que o mesmo acontece há anos em nosso país. Crescemos aprendendo a valorizar a cultura indígena e compreendemos que foram eles os primeiros habitantes do Brasil. O tempo passa, somos dominados pela mídia e pela capitalização, e é necessário um filme para nos trazer de volta a nossas origens. 
          A única crítica que tenho em relação ao filme é quanto a sua pouca duração. O roteiro é bem trabalhado, mas entrega a solução do crime de maneira muito rápida, mal dando espaço para o espectador tentar adivinhar o assassino. Em questão de momentos, temos toda a cena desenvolvida, o crime solucionado e os responsáveis capturados.  O diretor poderia ter alongado mais um pouco a narrativa, criando a sensação de ansiedade e curiosidade em quem estivesse assistindo. Além disso, o personagem de Jon Bernthal, cuja atuação teve muito pouco tempo para  desenvolver a interpretação, lamentável, pois, sabemos do potencial desse ator e do que ele é capaz, porém nos poucos minutos em que aparece na tela, faz o que lhe foi solicitado. 
           Para concluir, não há dúvidas de que Terra Selvagem é um ótimo filme, com um elenco excelente e que poderia ter uma duração maior. Caracterizando um cenário esquecido e ignorado por muitos, o longa abre nossos olhos para o descaso sofrido por populações indígenas em todos os lugares do mundo. Além de mostrar ao público um pouco de respeito ao próximo, a produção possui uma bela fotografia e um enredo de suspense cativante - mesmo que acabe rapidamente. Taylor Sheridan confirmou seu talento como roteirista e cineasta da maneira mais clara possível, nos entregando algo de tirar o fôlego e cheio de surpresas. Vale conferir para os amantes desse gênero de filme de ação e aventura, disponível na Netflix, Globoplay,  Vivoplay e no YouTube. 


sábado, 1 de agosto de 2020

A CASA DOS ESPÍRITOS




               A CASA DOS ESPÍRITOS
                        ( HOUSE OF THE SPIRITS )


          O filme segue os Trueba, uma turbulenta família chilena de classe alta composta por seu patriarca violento e mulheres clarividentes que, por três gerações, vivem os acontecimentos mutáveis de seu país.  Baseado no romance de Isabel Allende (sobrinha do ex-presidente do Chile Salvador Allende), publicado em 1982, que retrata a saga da família Trueba, no Chile, ao longo do século XX.                                            A ação da obra reflete o momento revolucionário do Chile, terminado com o golpe militar de 1973, que veio a derrubar o presidente Salvador Allende. A história é narrada por três personagens: Esteban Trueba (Jeremy Irons), a sua mulher Clara del Valle (Meryl Streep) e a filha do casal Blanca (Winona Ryder). 
         Esteban Trueba, um jovem decidido e ambicioso, pretende fazer fortuna, trabalhando numa mina, com o objetivo de casar com Rosa del Valle (Teri Polo), irmã mais velha de Clara, mas, no entanto esta morre repentinamente, tal como a sua irmã Clara tinha premunido. O jovem Esteban, amargurado pela morte súbita da sua pretendente, deixa a mina e instala-se numa fazenda abandonada, tornando-se um latifundiário abastado, poderoso e arrogante. Após vários anos, Esteban casa-se com Clara, passando o casal a viver com a irmã de Esteban, Férula (Glenn Close). Do casamento nasce Blanca (Winona Ryder) e posteriormente dois rapazes gêmeos, Jaime e Nicolás. Esteban, com inveja da influência de Férula sobre Blanca, expulsa a irmã de casa, além, de internar sua filha num colégio distante.                                                          Quando esta regressa a casa, apaixona-se por Pedro, filho do capataz da fazenda, que entretanto se tornara líder da rebelião dos trabalhadores rurais contra o latifundiário. Blanca fica grávida, mas Esteban, por ambições políticas, pretende casá-la com um conde francês. Perante tal pretensão, Blanca e Pedro saem do País. Da união dos jovens enamorados nasce Alba, que vai continuar a luta pela justiça social, iniciada pelos pais, chegando mesmo a ser presa e torturada.                                        Com direção e roteiro de Billie August, o filme foi lançado em 1993, e achei esse filme magnífico, com grandes atuações e uma história que mostra a realidade que perdura durante gerações até os dias de hoje. Roteiro super inteligente e o que dizer das cenas em que temos Meryl Streep e Glenn Close atuando juntas? Simplesmente me deixaram de queixo caído. A última cena da Glenn Close é uma das melhores. Achei um absurdo esse filme não ter tido uma indicação sequer ao Oscar! 
          Para mim foi a melhor atuação da carreira de Jeremy Irons até hoje, ele foi muito melhor do que em Reverso da Fortuna, pela qual ele foi premiado. Um dos melhores filmes que já assisti, sem dúvida alguma, e acredito que todos deveriam assistir, porque trata de uma passagem histórica e dura, mostrando bem como funcionavam os regimes militares na ditadura. Filme essencial para ilustrar o momento tenebroso em que vivemos no nosso país. Palmas para todo o elenco e para a direção e roteiro, pois fizeram uma obra-prima atemporal. Amigos cinéfilos, quem não viu, não perca, pegue a pipoca e o refrigerante e ótimo entretenimento, disponível no NetFlix (aluguel) e no YouTube (gratuito).  

                       

quarta-feira, 29 de julho de 2020

CORAÇÃO LOUCO




                    CORAÇÃO LOUCO
  

                    Filme norte-americano de 2009 de drama e romance, gira em torno de um homem que, depois de alcançar o auge de sua carreira, tornando-se incrivelmente popular, se descobre pobre, com problemas de saúde e relegado a eventos de quinta categoria ao chegar à meia idade. Estabelecendo a decadência do protagonista já em sua cena inicial, quando vemos o cantor country Bad Blake (Jeff Bridges), dirigindo seu velho carro rumo a uma cidadezinha na qual se apresentará, o roteiro do também diretor estreante Scott Cooper, logo se encarrega de ilustrar o alcoolismo dele e o seu bloqueio artístico, já que há anos não consegue compor uma nova canção. 
                    Ressentindo o sucesso de um antigo pupilo, Tommy Sweet (Colin Farrell), Blake se mostra resistente à ideia de abrir o show dele, mesmo precisando de dinheiro. É então que conhece Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal), jornalista e mãe solteira, com a qual acaba se envolvendo, passando a conviver também com o filho de quatro anos da moça. Atuação brilhante de Jeff Bridges, está absolutamente convincente como um veterano músico country (ele canta quase todas as canções ouvidas no longa), o ator confere enorme carisma a Blake que, mesmo com alguns defeitos, conquista o espectador desde o primeiro segundo da projeção. Tornando-se ganhador do Oscar de Melhor Ator de 2010 e também Ganhador do 67º Globo de Ouro em 2010 com esse papel. 
               Buscando ser sempre gentil com seus fãs, ele se mostra absolutamente confortável diante de suas reduzidas plateias, estabelecendo uma relação amável e simpática com o público, chegando a lembrar até mesmo de dedicar números específicos a alguns de seus ouvintes e da mesma maneira, ele não se furta de aproveitar a oportunidade de dormir com as inevitáveis fãs. 
                Porém, se ganha vida e energia no palco, fora deste Blake surge sempre pálido e tossindo, enquanto traz um onipresente copo de bebida quase como uma extensão do seu braço - e é no mínimo interessante vê-lo limpando cuidadosamente sua guitarra, já que demonstra um descaso pavoroso para com seu principal instrumento de trabalho: seu próprio corpo. Falando com uma dicção trôpega, que indica seu constante estado de embriaguez, o cantor oscila entre o limite da depressão e o intenso mal-estar provocado pelo excesso de bebida - algo que Bridges retrata com uma intensidade única. Além disso, o ator é hábil ao demonstrar a resistência de seu personagem diante de certas perguntas feitas por Jean, já que as respostas que se nega a dar, revelam bem mais sobre Blake do que aquelas que ele oferece sem hesitação. Para completar, Bridges enriquece sua composição através de detalhes como empurrar o vidro automático de seu carro para ajudá-lo a fechar, o que embora pareça banal, é perfeito ao demonstrar como o músico já se encontra habituado ao mau funcionamento do veículo. 
            Não posso deixar de mencionar que temos no elenco o excelente ator veterano Robert Duvall que também é um dos produtores da película, e que faz uma quase figuração, no papel de Wayne Kramer, um velho amigo de Blake. Mas é tão bom voltar a vê-lo em cena, que não reclamarei da sua curta participação. Em tempo, somente a título de curiosidade durante os créditos finais, podemos ouvir Robert Duvall cantando os mesmos versos que ele recita durante a projeção.
              Finalizando as minhas colocações, "Coração Louco" é um filme para os olhos e música para os ouvidos de quem acredita que nunca é tarde para recomeçar. É cinema de qualidade sem contra-indicações. Se persistirem os sintomas, assista novamente, com a pipoca e o refrigerante. Ele está disponível no NetFlix e no YouTube!!!!!! 

terça-feira, 28 de julho de 2020

ESCOBAR: A TRAIÇÃO



  



                 ESCOBAR: A TRAIÇÃO

        Filme de drama, biográfico lançado em 2017 e exibido fora da competição no 74º Festival Internacional de Cinema de Veneza e na seção de Apresentações Especiais no Festival Internacional de Toronto de 2017. Pablo Escobar Gaviria foi o poderoso fundador do Cartel de Medellín. Através do olhar de sua glamorosa amante Virginia Vallejo, uma jornalista conhecida com o seu próprio programa de televisão, a trama acompanha a história da ascensão e queda do Senhor do tráfico colombiano. Sua vida, um dos maiores traficantes da História, tem sido alvo de interesse público há uns bons anos. 
     O filme é inspirado no livro "Amando Pablo, Odiando Escobar", escrito pela jornalista e ex-amante do colombiano, Virginia Vallejo. É a atriz Penélope Cruz, quem dá a vida a essa celebridade. O roteiro persegue as páginas da literatura, desde o momento em que os dois se conheceram, todo o relacionamento, o que ela presenciou sobre o submundo do Cartel de Medellín e, também, como teria sido uma das peças fundamentais para colocar Escobar (Javier Bardem) atrás das grades. Como se percebe, é muita história para apenas duas horas de filme.
      O grande problema do diretor espanhol Fernando León de Aranoa é não saber para que lado ir. A cinebiografia convencional segue uma linha do tempo, desde a festa em Hacienda Nápoles, onde Virginia e Pablo se conheceram. Justamente o momento em que o cartel é formado sob o verniz de ser uma causa beneficente. A presença de Javier Bardem como Escobar é imponente. Com vários quilos a mais para ficar parecido com o traficante da vida real, o ator magnetiza o espectador, assim como o faz com a sua amante, tornando possível entender como Virginia se apaixonou tanto por ele e, assim, causou a própria ruína ao fazer vista grossa para a lama em que havia se metido.
        Escobar: A Traição poderia ter sido melhor, se realmente tivesse foco. Porém, ao disparar para todos os lados, acaba se distanciando de sua proposta de mostrar como um relacionamento desastroso pode levar um casal para o fundo do poço. O "espanglês" também não ajudou, sobretudo com dois artistas espanhóis da qualidade mais que comprovada dos protagonistas. Se entende a jogada  do seu diretor para angariar o público norte-americano e até do resto do mundo, porém o tiro saiu pela culatra, pois poucos quiseram assistir a produção após tamanha repercussão negativa. A vantagem de Aranoa é não endeusar os protagonistas, que tomam decisões erradas constantemente. Mas, nem a presença dos bons coadjuvantes Peter Sarsgaard, como o agente Shepard da CIA, ou Julieth Restrepo, como Maria Victoria Henao, a esposa de Escobar, ajudam a alavancar o longa.
        Acredito sim, que se houvesse especialmente um foco maior nessa personagem (Restrepo), talvez as coisas tivessem tido um outro andamento. Finalizo, dizendo que no fim, se tornou apenas mais um repetido e esquecível filme sobre a vida de Pablo Escobar, desperdiçando nessa película o potencial excepcional de interpretação de Javier Bardem. Uma pena!!!! 

O SOL DE RICCIONE



                                       

                          O SOL DE RICCIONE


            Filme italiano que estreou direto no canal NetFlix em julho deste ano, com direção de Younuts (uma dupla de cineastas italianos, conhecidos principalmente por vídeos clipes), enquanto o roteiro é assinado por Caterina Salvadori, Ciro Zecca e Enrico Vanzina.                                                                                                                                    Riccione para quem não conhece, é uma cidade italiana da região da Emilia-Romanha na província de Rimini, localizada no coração da Riviera, com pouco mais de 32 mil habitantes, bastante frequentada por turistas europeus durante as férias de verão no meio do ano. E é frequentada também por Marco (Saul Nanni), que, há cinco anos se encontra com uma turma na praia, pois é lá que a sua paixão encubada Guenda (Fotim Peluso) vai, embora ele nunca tenha se declarado a ela. A vida deles cruza com a de Ciro (Cristiano Caccamo), um jovem que sonha em ser cantor, mas que acaba conseguindo um emprego de salva-vidas de um hotel à beira da praia, e com Vincenzo (Lorenzo Zurzolo), um rapaz cego que vai passar as férias de verão com a mãe controladora, Irene (Isabella Ferrari), mas que, graças à tecnologia acaba travando uma amizade virtual com Camilla (Ludovica Martino).                                                    A trama simples e entrelaçada de diversos personagens, emprega agilidade ao filme de uma hora e quarenta minutos de duração. Com tantas histórias para resolver em tão pouco tempo, os roteiristas acabam acelerando em algumas partes, para dar logo a solução daquele núcleo, e, por vezes, insere personagens e/ou situações apenas para tornar as decisões dos protagonistas mais fáceis. Talvez se o filme tivesse um pouco mais de tempo, ou mesmo se ganhasse o formato em série- como "Malhação", cuja estrutura é bastante similar- as soluções encontradas não precisassem ser tão fáceis, e os desafios dos personagens pudessem ganhar maior profundidade. Mas isso não tira o frescor e o brilho desse ensolarado "O Sol de Riccione", que consegue passar a sensação de curtição veranil para o espectador que está em casa assistindo.                                                                                                               A dupla de direção Younuts, acertou em dar muito espaço para a luz do sol entrar em seu filme, e acender o potencial juvenil de seu elenco, que conduz o filme com bastante descontração, em diálogos diretos com o seu público alvo.                                   Finalizo dizendo, que para os amigos cinéfilos que estão a procura de um filme leve, tipo romancezinho gostosinho com sabor de água do mar, "O Sol de Riccione" é um bom passatempo, despretencioso, e com o único objetivo de distrair além de  mostrar um paraíso turístico pouco conhecido para os brasileiros.