sexta-feira, 24 de julho de 2020

CONDUTA DE RISCO



                                                                   

CONDUTA DE RISCO
(MICHAEL CLAYTON)

              
Filme americano  lançado em 2007 de gênero drama e suspense. Michael Clayton (George Clooney) trabalha numa das maiores firmas de advocacia de Nova York, tendo por função, limpar os nomes e os erros de seus clientes. Tendo trabalhado anteriormente como promotor de justiça e vindo de uma família de policiais, Clayton é o responsável por realizar o serviço sujo da firma Kenner, Bach & Ledeen, que tem Marty Bach (Sydney Pollack) como um de seus fundadores.
            
Apesar de estar cansado e infeliz com o trabalho, Clayton não tem como deixar o emprego, já que o vício no jogo, seu divórcio e o fracasso em um negócio arriscado, o deixaram repleto de dívidas. Quando Arthur Edens (Tom Wilkinson), o principal advogado da Empresa, sofre um colapso e tenta sabotar todos os casos da U/North, uma empresa que é cliente da Kenner, Bach & Ledeen, Clayton é enviado para solucionar o problema. É quando ele nota a pessoa em que se tornou. Começo meu comentário, dizendo ser uma história interessante e muito bem contada, narrada com precisão e encenada por atores no total domínio das suas habilidades. 
             
O diretor Tony Gilroy afirmou ter tido a ideia para Conduta de Risco enquanto pesquisava para o roteiro de O Advogado do Diabo ( suspense com Al Pacino, Keanu Reeves e a estonteante Charlize Theron). E, ainda, segundo ele, a diferença entre os filmes está na representação do "bem" e do "mal": se no anterior estes polos estavam marcados pelos dois protagonistas, neste novo trabalho estas manifestações convivem dentro de um mesmo homem, no caso o que dá o título original: Michael Clayton (George Clooney). Advogado frustrado, ele está "preso ao sistema". O casamento naufragou, a tentativa de negócio próprio foi a falência e não consegue abandonar o vício pelo jogo. Assim precisa manter o emprego como "limpa desastres" de um dos principais escritórios de Nova York. Quando ele é chamado para "consertar" as loucuras que um dos advogados da firma está cometendo, finalmente percebe o homem que se tornou e o quão difícil será superar aquela situação. 
            
Raras vezes um filme desse gênero consegue ir além do respeito imóvel da crítica e atingir não só o público (mais de 40 milhões de dólares só nos EUA, apesar do baixo orçamento ter ficado em torno de 25 milhões), como também se fazer presente nas premiações de final de ano. E nisso Conduta de Risco também se saiu muito bem! Além das sete indicações ao Oscar (Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original e Trilha Sonora), foi indicado também nas principais categorias do Globo de Ouro e do Bafta, além de ter ganho o National Board of Review de Melhor Ator. Clooney, aliás, mostrou de vez que mais do que uma celebridade, é também um dos melhores intérpretes da atualidade. Seu desempenho é muito superior ao visto no oscarizado Syriana (2005) ou de outros bons trabalhos dele, como Solaris (2002) e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (2000). Ele está cansado, desiludido, perdido, porém não derrotado, e segue usando das ferramentas que ele mesmo ajudou a criar, com uma habilidade e eficiência inatas ao personagem. Da mesma forma, os coadjuvantes Tom Wilkinson (Entre quatro paredes) e Tilda Swinton (As Crônicas de Nárnia), ambos indicados ao Oscar, porém, somente ela levou a Estatueta com a personagem Karen Crowder, também estão a altura de qualquer maior reconhecimento. Com apenas uma cena, cada um merece todo possível elogio: o descontrole dele ou a conversa final dela com Clayton são memoráveis. E isso sem mencionar Gilroy, diretor que estreia com o pé direito, após alguns anos apenas como roteirista (são dele os três filmes da Trilogia Bourne). Seu controle é total, alternando momentos de tensão e um ritmo sufocante com personagens bem construídos e dotados de profundidade psicológica- nós sentimos os dilemas e as crises enfrentadas por cada um deles. 
             
Finalizando, quero deixar registrado que infelizmente esse tipo de película não é muito o tipo de entretenimento do gosto dos idealizadores do prêmio do Oscar, pois não é usualmente reconhecido neste ambiente, para mim não é que isso seja importante, pois seus méritos já estão mais que evidentes na tela e é lá onde devem ser apreciados com toda a pompa e circunstância que ele merece! Recomendo, e está disponível no canal fechado do Amazon Prime (aluguel) ou gratuitamente no YouTube. 

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