sábado, 3 de julho de 2021

FAMÍLIA YAKUZA

                                                                                  

                                                                                     



                                                   FAMÍLIA YAKUZA

         


                  Após um tempo afastado das telinhas, e consequentemente do meu Blog, retorno aqui tendo visto esse filme e passarei meus comentários.  

                  Dirigido por Michihito Fujii, este drama policial chega ao catálogo da NetFlix e mostra o auge e a decadência da maior organização criminosa do Japão. Família Yakuza, longa japonês que chegou ao catálogo da Netflix em 18 de junho de 2021, deve despertar no desinformado "gaijin" ocidental, a ideia de um filme que vai mostrar o submundo do crime no Japão, repleto de drogas, mulheres exploradas, traições e um banho de sangue em meio a tiroteios milimetricamente coreagrafados. 
                   Quem pensar assim, vai errar feio, pois, para começar, a legislação do país asiático para o porte e uso de armas de fogo, é das mais rigorosas, e os bandidos por isso mesmo, costumam usar armas brancas para resolver suas diferenças- o que garante, pelo menos, alguns momentos em que os personagens tenham sangue nas mãos, no rosto, nas roupas, até na alma. Além disso, o filme é um drama que se concentra na perda de poder da Yakuza nos últimos anos, e como essa perda de influência impactou a já conturbada vida dos criminosos e daqueles que estão ao seu redor.
                   A história é contada em três atos a partir de seu protagonista, Kenji Yamamoto (Gô Ayano). Em 1999, ele é um jovem sem muitas perspectivas. Uma série de eventos completamente aleatórios faz com que ele caia nas graças do chefe de um dos sindicatos Yakuza, Hiroshi Shibasaki (Hiroshi Tachi), num período em que a secular organização criminosa desfrutava de grande influência em vários setores da sociedade, da economia e da política, a ponto de ser vista como um grupo semi legitimado, com a liberdade de ter cartões de visita.
                    O filme pula para 2005 e mostra Kenji como um dos mais importantes e fiéis membros do grupo, que se torna sua família. Com a Yakuza ainda gozando de grande poder e influência, ele acaba se apaixonando por Yoda Kudo ( Machiko Ono), que trabalha como acompanhante em uma das boates da quadrilha. Uma sequência de crimes joga a história para 2019, quando a Yakuza enfrenta a decadência após o governo japonês deixar de fazer vista grossa para os grupos mafiosos. Kenji precisa, então, conviver com uma realidade em que os yakuza não tem mais dinheiro, nem influência, e seus ex-integrantes conseguem apenas serviços braçais e mal remunerados.
                      Com cerca de 135 minutos de duração, "Família Yakuza" é um filme que tem seus momentos de violência, mas no geral, é um drama que não tem pressa em desenvolver sua história e personagens, mas nem por isso o ritmo lento da trama torna a experiência tediosa. Cada ação tem sua consequência, e o público sempre ficará na expectativa do que acontecerá depois, em particular, nas reviravoltas mais marcantes do longa.
                       Tecnicamente, o filme é impecável, graças ao trabalho da fotografia que, ao apostar em ambientes pouco iluminados, valoriza os cenários decadentes por onde transitam os personagens. A experiência também é garantida pelo figurino, transitando pelo sóbrio preto usado pelos Yakuza e as roupas coloridas dos jovens, a câmera que encontra algumas soluções visuais bem interessantes e o elenco, que entrega ótimas atuações , resumidamente, essa película na essência, se trata de um filme melancólico, que mostra que o tempo altera a forma de encarar a vida, assim como as leis do Japão que fechou o cerco sobre a Yakuza, e que essa trama acaba não glamourizando o crime, ponto este que também gostei dessa abordagem.
                         Amigos cinéfilos, esta película foi uma grata surpresa para mim, apesar de não ser um fã desse tipo de filme, eu recomendo sem dúvida nenhuma. Bom entretenimento.