quinta-feira, 11 de março de 2021

ERA UMA VEZ UM SONHO

                                                                        


                ERA UMA VEZ UM SONHO

                                                        ( HILLBILLY ELEGY) 
                               

                              Olá amigos cinéfilos, após um tempo afastado do meu Blog, por questões da Pandemia, trabalho e vida corrida, retornei, e aproveitei para analisar essa película, visto neste último fim de semana, espero que apreciem meus comentários, e fiquem todos com Deus.
                               Trata-se de  um filme americano de gênero drama, baseado em uma história real, lançado em 2020 pela NetFlix, com  direção de Ron Howard, o drama adapta uma autobiografia, lançando mão de duas grandiosas atrizes. 
                               Na trama, J.D. Vance (Gabriel Basso) é um ex-fuzileiro naval do sul de Ohio e atual estudante de direito da Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, que está prestes a conquistar o emprego dos sonhos. Mas, por causa de uma crise familiar, é forçado a voltar à vida que tentava deixar para trás. Agora, ele precisará enfrentar a complexa dinâmica familiar, incluindo uma relação complicada com a mãe, Bev( Amy Adams), que luta contra um vício.
                               O grande lance dessa produção, é mostrar como, às vezes, uma pessoa pode escapar de um destino predeterminado pelo seu contexto de escassez. Para isso, J.D. teve a regrada tutela de sua avó, a má influência da sua mãe viciada, e uma boa dose de sorte. Tudo isso para poder dizer que ele escapou de um futuro problemático que o aguardava. 
                               No entanto, isso não significa que ele seja um vencedor na vida. Há diversas questões não resolvidas sobre seu passado deixadas para trás, como se nunca tivessem existido ou pior: não precisassem de uma solução. o urgente retorno para sua terra natal justamente num momento crucial da sua carreira profissional e também a vontade do protagonista de fazer as pazes e poder amenizar todas as dificuldades pelas quais essa família passou. E não foram poucas. 
                               O roteiro de Vanessa Taylor, que adapta a biografia escrita pelo próprio J. D. Vance, insere a questão geracional na história de um modo que torna o filme menos interessante, mostrando através de flashbacks como a mãe e avó do protagonista não tiveram tanta sorte em escapar do que o mundo estabeleceu como destino para elas. Algumas dessas cenas no passado são mal inseridas, mas a maioria delas funciona dentro do propósito do longa de Ron Howard.
                               Como Era uma vez um sonho é uma produção que visa a corrida do Oscar, vale elogiar o bom destaque dado a duas grandes atrizes que são Amy Adams e Glenn Close.
                               A primeira está transformada, num típico papel que a Academia adora premiar. Se Amy Adams (A Chegada) irá vencer são outros quinhentos, mas que ela consegue dar qualidade à personagem, é algo evidente. No entanto, nota-se também que faltou algo, talvez maior tempo de tela com mais diálogos. 
                               Mas quem rouba a cena mesmo é Glenn Close (A Esposa; Atração Fatal), que consegue com menos tempo, destacar fortemente questões da sua personagem. A maquiagem e o figurino que retratam uma mulher aposentada de classe média baixa, salta aos olhos principalmente com ela, mesmo sendo um recurso bem usado em toda a produção. Curiosamente, tanto Adams quanto Close já receberam indicações ao Oscar, mas nunca foram premiadas. 
                               Correndo por fora, Gabriel Basso consegue levar suas cenas dignamente na pele do protagonista. Presente em Super 8 (de Steven Spielberg), é um grande talento a ser observado. A versão mirim de J. D. Vance, vivida por Owen Asztalos, foi uma boa escolha que conseguiu manter a semelhança do personagem com a longa diferença de idade. 
                              Era uma vez um sonho também permite uma leitura da situação econômica dos EUA e como o capitalismo mudou, deixando de lado uma classe trabalhadora não escolarizada, que se tornou ressentida (que eclodiu na eleição de Trump), ao passo que se reproduzia significativamente como podemos observar nas cenas onde J.D. volta para sua cidade de infância, ainda mais abarrotada de crianças e pessoas em geral, pelos quintais das casas. É uma camada que ajuda a contextualizar e explicar muito sobre os personagens e seus dilemas. 
                              Ao final, Ron Howard mostra que sua intenção nunca foi se aprofundar nas questões que ele jogou para o espectador, deixando um gosto raso de 'a vida como ela é" e " toda família tem seus problemas". É como um episódio da série This is Us onde não choramos tanto assim. Não é o suficiente para ganhar um Oscar de Melhor Filme, tampouco Melhor Direção, porém, com a falta de lançamentos, devido a pandemia e também pela má qualidade dos filmes em exibição atualmente, pode até ser que caia algum prêmio no colo deste entretenimento.